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Evangelho
O Apocalipse de Lázaro.
Evangelhos do Ministério
de Jesus Cristo.
LIVRO 18
Capítulo 1
Então, Jesus, seis dias antes da Páscoa, chegou a Betânia, onde estava Lázaro, o qual havia falecido, a quem Ele ressuscitou dentre os mortos.
Ali, fizeram-lhe uma ceia e Marta servia a todos. A ceia, de fato, ocorreu na casa de Simão, que havia recebido de Jesus a restauração corporal.
Lázaro, irmão de Maria de Betânia e Marta, era um dos que estavam sentados à mesa com Jesus.
Então, Maria de Betânia tomou uma libra de unguento de nardo, muito caro, e ungiu os pés de Jesus, e os enxugou com seus cabelos.
Ela também se aproximou com um vaso de alabastro com unguento muito precioso e o derramou sobre Sua cabeça, enquanto Ele se sentava à mesa.
Mas, quando seus discípulos viram isso, ficaram indignados e Jesus, vendo a falta de compreensão deles, os repreendeu, dizendo-lhes: “Por que incomodam esta mulher? Ela fez uma boa obra em mim. Derramou este ungüento para minha libertação e ascensão. Onde este evangelho for pregado no mundo, o que Maria de Betânia fez será contado para a sua memória.”
Enquanto estava sentado à mesa com seus discípulos, Simão indagou e rogou ao Senhor Salvador para ordenar a Lázaro que falasse aos discípulos o que ele havia visto do outro lado, enquanto estava morto, e o Salvador lhe deu permissão para falar.
Então, Lázaro fala sobre as Sete Iniquidades da Alma, que correspondem às variações dos Sete Filhos que a Morte gerou quando se combinou com sua própria essência.
Então, o referido Lázaro narrou as coisas que ele havia visto no submundo do Hades e viu lá muitas grandes e intoleráveis dores, enquanto homens e mulheres ímpios estavam sofrendo.
Capítulo 2
Então disse Lázaro: “Primeiro, eu vi as rodas do Hades bem no alto, montadas em uma colina, a qual era vista a milhares de distâncias. Girando incessantemente por grande impetuosidade, rugindo muito, como se fosse um trovão, e as rodas estavam cheias de ganchos e grampos de ferro e aço, e neles eram enforcados e transformados os homens e mulheres orgulhosos dominados pela Arrogância e Ignorância, com o seu regente e mestre, Belial, o Príncipe da Iniquidade.”
A arrogância é a mestra da ignorância e, como rei, tem uma grande companhia de pessoas com vícios. Ela guarda o povo que está em sua jurisdição.
Grande sinal de condenação é perseverar por muito tempo na arrogância. Pois é a iniquidade que mais o afasta Daquele-Que-É (o PAI da Totalidade), tanto quanto o Conhecimento é o grado entre as virtudes.
E não há iniquidade que torne um homem tão igual a Belial do que o orgulho e a arrogância, pois o homem orgulhoso não será como os outros homens, mas ele deve ser como fariseu e como Belial, e por isso o homem orgulhoso se vangloria acima dos outros homens.
O Arconte com ele é como um corvo que tem uma noz dura em seu bico, a qual ele não pode rachar. Então ele voa até um galho e deixa cair a noz sobre uma pedra dura até que se quebre e então ele desce e come.
Da mesma maneira, Belial planta orgulho no coração do homem e da mulher para depois deixá-los cair nas duras torres do Hades.
Há tantas diferenças entre o orgulho e a humildade, assim como entre o joio e o milho. Porque o joio, como é leve, é levado facilmente pelo vento, e o vento o carrega e assim ele se perde.
Mas o milho, como é mais pesado, permanece no chão, sendo recolhido e colocado nos coletores do fazendeiro e guardado para o lucro comum.
Já a palha queimada, perdida, é devorada pelas bestas. E deste mesmo modo, as pessoas orgulhosas são elevadas e aumentadas através da sedução de Belial no Hades, e depois elas caem pela chuva e da morte, que as tornam pesadas e as faz cair pela força de suas rajadas orgulhosas para a fornalha eterna, e lá devem ser queimadas e devoradas com os horríveis Arcontes do Hades.
Capítulo 3
Lázaro prosseguiu seu relato: “No Hades, testemunhei, em segundo lugar, uma inundação de gelo, águas congeladas, onde homens e mulheres que haviam sido invejosos submergiam até a altura do umbigo.”
Subitamente, um intenso vendaval se abateu sobre eles, causando-lhes ferimentos e escoriações que resultaram em hematomas.
A fim de escapar das terríveis rajadas de vento, eles se lançaram na água congelada, proferindo grandes clamores e lamentos aflitivos.
A inveja é a aflição e o sofrimento da alma que se manifestam diante da felicidade e prosperidade alheias.
E como a iniquidade é profundamente amaldiçoada e condenada, pois se opõe radicalmente à prática da boa obra.
Pois a boa obra é a cabeça soberana de todas as vertentes, e pelo qual sente inveja é um grande sinal de reprovação ao ser por meio deste sentimento que os Arcontes já sabem quais as pessoas que serão condenadas.
Da mesma forma, a boa obra é sinal de salvação e é por meio da qual Aquele-Que-É sabe quem será salvo.
Aqueles homens invejosos são companheiros de Belial, pois, se o homem invejoso triunfa, ele se regozija em demasia, mas, se fracassa, irrita-se consigo mesmo e com os outros.
Aqueles que são invejosos encontram-se tão contaminados e corrompidos que as virtudes alheias lhes são aversivas, e as doçuras lhes parecem amargas.
Da mesma forma, a boa reputação e a prosperidade alheias, que são agradáveis, parecem-lhes malcheirosas, e as coisas amargas lhes são doces, o que se refere aos vícios, censuras, adversidades e infortúnios que eles ouvem ou de que tomam conhecimento sobre os outros.
Aqueles invejosos procuram a sua riqueza na diversidade do próximo, em oposição ao mal do outro, e com o mal do outro, buscam o bem para celebrar.
Porém, mesmo diante disso, ainda não se encontra satisfeito, mas sim com um novo tormento do afligido, visto que as suas alegrias não perduram por muito tempo devido aos desgostos e à aflição da alma pelos quais são atormentados.
Portanto, aqueles que almejam sua prosperidade na diversidade são comparáveis àquele que procura o fogo em águas profundas, ou busca anéis nos ouriços, pois tais empreendimentos não passam de insensatez e ilusão.
A inveja se restringe aos bens e às venturas hílícas deste mundo, visto que a inveja é uma iniquidade condenada, fazendo com que o homem seja incapaz de ascender aos Aeons Eternos.
E trata-se de uma iniquidade de difícil contenção, por enraizar-se e fixar-se secretamente na alma.
Consequentemente, é árdua e virtualmente impossível de ser erradicada, visto que, com grandes sofrimentos e consideráveis dificuldades, qualquer homem pode ser por ela completamente contaminado.
A língua dos homens invejosos assemelha-se a uma espada de três gumes que fere e corta de três maneiras: a primeira fere a outros e a sua própria alma; a segunda fere aquele a quem ele narra a sua história; e a terceira mata, por contar a sua história amaldiçoada.
Capítulo 4
Lázaro continuou seu relato: “Em terceiro lugar, contemplei no Hades uma vasta e tenebrosa caverna, repleta de mesas que se assemelhavam aos grandes Macellum e talhos. Nessas mesas, homens e mulheres de conduta indecente eram implacavelmente transpassados por facas, espadas afiadas e longas lanças.”
Os mais horrendos e temíveis açougueiros do Hades lhes cortavam os corpos incessantemente com suas espadas e facas, sem qualquer vestígio de piedade.
Assim como a paz transforma a consciência de um homem na morada d'Aquele-Que-É, a ira a amaldiçoa, tornando-se uma habitação dos Arcontes. A ira, quando se dissipa, segue os olhos da razão, pois no homem irado, a razão é banida.
Dessa forma, não há nada que preserve tanto a imagem d’Aquele-Que-É em um homem quanto a cordialidade, a paz, o amor e o respeito ao próximo. Pois Aquele-Que-É, o PAI da Totalidade, estará lá onde houver paz. A cordialidade constitui pura amizade entre amigos.
Contudo, a ira afasta Aquele-Que-É dos homens e impede que o PAI da Totalidade neles permaneça. Um homem irado é como um homem atormentado, o qual está sob a influência demoníaca dos Arcontes. O inimigo o faz debater-se consigo mesmo, gerando uma dor insuportável na alma, que se manifesta externamente em espumar pela boca e ranger de dentes.
Da mesma forma, o homem dominado pela ira frequentemente se torna pior do que aquele possuído por Servos de Belial. Pois, sem paciência, eles agridem os outros, causando ferimentos e proferindo ofensas desprezíveis, entregando-se completamente ao Arconte Belial e praticando e dizendo muitas coisas que são impróprias e vergonhosas.
Através do ódio, Belial tem o poder de influenciar uma geração inteira ou uma nação por completo em um curto período de tempo, visto que, quando a ira se manifesta, o clamor da vingança irrompe, aniquila e compromete tudo. É habitual relatar o que ocasionalmente ocorre por meio de um homem irado.
Tal situação provoca nele perturbação e o conduz a conflitos com outros. Assim como o ímpio agita a água para que os peixes não percebam a sua rede e se dirijam a ela para serem capturados, da mesma forma, Belial perturba um homem pela ira, para que ele não reconheça os danos que cometeu com sua alma irada e propensa ao mal.
Capítulo 5
Disse Lázaro: “Em quarto lugar, eu vi no Hades um recinto sombrio e horrendo, totalmente escuro, onde havia miríades de serpentes, tanto grandes quanto pequenas. Homens, tanto homens quanto mulheres, negligentes em razão da preguiça e despreocupação, aqueles que não buscam a verdade sobre Aquele-Que-É, o PAI da Totalidade, eram ali atormentados por picadas e mordidas de vermes venenosos, os quais lhes trespassavam as diversas regiões dos corpos feridos, atingindo o âmago com dor inextinguível, em punição à preguiça e à despreocupação.”
A negligência e a hesitação, o adormecimento aqui referido, consistem em negligenciar a aquisição dos bens espirituais que devem ser devidamente solicitados Àquele-Que-É.
Consequentemente, embora adorem servir Àquele-Que-É como é devido, com o coração e a boca, isso também deve ser manifestado por meio de boas obras e de uma intensa busca pelo conhecimento (gnose) sobre o PAI da Verdade.
Pois quem quer que ama o PAI da Verdade deve saber que ele é Aquele-Que-É, o Redentor e Salvador e Dono de toda bondade que recebemos diariamente.
É de grande insensatez, reconhecendo as iniquidades, que por preguiça, durante o tempo desta breve existência, não se acumulem os bens do conhecimento e da sabedoria (Sophia) para a vida eterna.
Contudo, aqueles que demonstram negligência na prática do bem e são ativos na prática do mal, de tal modo que, se fossem tão perspicazes para fazer o bem quanto o são para fazer o mal, alcançariam a plenitude.
As maiores delas, a despreocupação leva à ignorância, são o princípio da iniquidade e constituem um grande inimigo d'Aquele-Que-É, por impedirem que os homens busquem conhecimento (gnose) sobre Sua fonte divina primordial, sendo Ele o expedidor de toda a bondade.
São de uma grande insensatez aqueles que se entregam à preguiça, pois, enquanto têm tempo nesse mundo, neste curto tempo de vida, perdem a oportunidade de acumular boas obras, buscar pelo conhecimento (gnose) e sabedoria (Sophia), os quais conduzem a alma à vida eterna, pois onde está a mente, há um tesouro.
Mas os homens são preguiçosos para fazer o bem, plenamente ágeis para o mal, e se fossem tão solícitos para fazer o bem como são para fazer o mal, estariam cheios da graça.
Portanto, aquele que descobriu, após sua morte, que não se tornou sábio, então não terá mais do que as boas ações que já fez em sua vida para apresentar, e então sofrerá claramente e se lamentará pelo tempo perdido por preguiça, e se ele não fez boas obras quando havia tempo neste mundo, seu sofrimento será pior ainda.
Capítulo 6
Lázaro relatou: “Em quinto lugar, no Submundo do Hades, testemunhei uma cena de punição para os dominados pela cobiça: vi numerosos caldeirões e chaleiras de grandes dimensões, repletos de chumbo e óleo em ebulição, juntamente com outros metais incandescentes e derretidos. Nesses recipientes, eram imersos os homens dominados pela cobiça, como punição por não parar e saciar a sua insaciável ambição.”
A cobiça constitui uma grande iniquidade e algo perverso, pois o homem cobiçoso prefere receber mais dinheiro do que o amor e prefere perder sua alma por meio centavo.
Muitas vezes, por um breve período, ele se deita e se antecipa e captura mortalmente a fé, a esperança e a boa obra que deveriam estar n’Aquele-Que-É.
O homem avarento deposita a sua fé primariamente nas suas riquezas, ao crer possuir os bens necessários para si.
Tem mais confiança nos seus haveres do que na dádiva d’Aquele-Que-É, como se ele não fosse suficiente para o assistir, ou como se ele não tivesse solicitude pelos seus servos.
Do mesmo modo, o homem avarento almeja obter maior júbilo e conforto em suas riquezas e também o homem cobiçoso deposita toda a sua afeição e confiança em seus bens, negligenciando Aquele-Que-É. Assim, o tesouro dos homens cobiçosos reside em seus ricos baús, cofres e alforges.
E o homem avarento tem a sua alma mais apegada aos seus bens do que n’Àquele-Que-É (o PAI da Totalidade). No fundo do seu coração reside o amor por esses bens efêmeros, enquanto o Amor Divino, Boa Obra e o Conhecimento (Gnosis) são negligenciados.
O homem cobiçoso comete pecado ao proteger seus bens, fazendo mau uso deles e amando-os em demasia. Por vezes, ele é capturado pela rede de arrasto de Belial e não poderá sair dela, pela qual perde sua vida eterna, trocando-a por coisa pequena desta vida, a qual nem poderá levar.
Ele é como o pássaro que entra na armadilha em busca de um verme e perde a vida, ou como o rato que é levado a uma ratoeira ou armadilha e perde a vida por um pouco de bacon.
Os homens movidos pela cobiça assemelham-se aos cães que, ao protegerem uma carcaça e estando saciados, deitam-se ao lado dela e afugentam as aves, impedindo-as de se alimentarem, de modo que estas morrem de fome por não serem deixadas pelos cães a comer.
Da mesma forma, os avarentos retêm os bens que os pobres não podem adquirir, privando famílias e mantendo-as em submissão. Da mesma forma, Belial mantém em sua sujeição os ricos que prejudicam os pobres.
Capítulo 7
Disse Lázaro, continuou descrevendo: “A sexta dor que presenciei descrevi como um vale inundado por uma água fétida que o cobria até a borda. Nesse local, havia uma mesa servida com toalhas postas de maneira desonesta, onde glutões eram forçados a se alimentar de sapos e outros bichos venenosos, e tinham de beber a água podre da referida inundação.”
Com efeito, a garganta constitui a porta de entrada para o corpo do homem. Assim, quando os inimigos se apossarem de um castelo, se conseguirem dominar a porta, terão, com facilidade, o controle de toda a fortaleza.
Dessa forma, se o adversário conseguir dominar a garganta de um homem por meio da gula, ele controlará facilmente o restante e penetrará no corpo, acompanhado de iniquidades.
Visto que os glutões e desregrados cedem a todos os vícios, torna-se imprescindível manter bons guardas no portão para impedir a entrada de Belial.
Pois, tal como aquele que segura um cavalo pelo freio pode conduzi-lo para onde desejar, assim Belial o guia para onde lhe agrada.
Com efeito, o servo, sendo facilmente nutrido, frequentemente se insurge contra o seu senhor. Assim, o ventre saciado de carne e bebidas torna-se rebelde para a alma, impedindo-a de realizar boas obras e de buscar a sua salvação.
Pois, devido à gula, muitos estão mortos, aqueles que poderiam ter vivido por mais tempo, visto que o excesso de comida e bebida corrompe o corpo e gera enfermidades, as quais frequentemente constrangem e abreviam as existências.
E aqueles que alimentam a carne, preparam-na para os vermes, e, consequentemente, os glutões tornam-se cozinheiros de vermes.
Um homem dedicado à oração sentiria constrangimento em ser cozinheiro de um grande senhor, e ainda mais envergonhado estaria de ser um cozinheiro de vermes.
Aqueles que vivem segundo os desejos da carne encontram-se sob o domínio dos porcos, entregando-se à alimentação desmedida, como um ser irracional.
Este é o porco, que trabalha como uma espécie de carcereiro para homens gulosos, cuja conduta e ações ele regula e, através do qual, os mantém sob constrangimento em seu confinamento, isto é, nas Tabernas e Thermopólia.
E, da mesma maneira que o porco, este homem repousa em um monte de estrume podre, ou em uma poça de mofo. Ele sempre fica na infecção fedorenta da gula até ficar bêbado e sem inteligência.
Capítulo 8
Disse Lázaro: “Vi a sétima dor, um campo repleto de poços profundos, cheios de fogo e enxofre. Uma fumaça densa e contagiosa emanava desses poços, e nela, todas as pessoas nascidas eram atormentadas incessantemente por servos de Belial.
Dentre todas as sete iniquidades, a luxúria é a que mais agrada a Belial, visto que preenche e corrompe o corpo e a alma, e por meio dela Belial conquista duas almas ao mesmo tempo.
Muitas pessoas com desejos lascivos se permitem dizer que não possuem todo desejo. Por essa razão, homens e mulheres nascidos são mais deformados e feios que Belial, devido à superabundância dessa iniquidade.
Ele assemelha-se a um mercador insensato que negocia um valor para algo que lhe trará somente perdas, e posteriormente lamenta ter estabelecido um preço tão inferior.
Do mesmo modo, tenha ciência de que todo homem lascivo experimentará grande aflição, desembolsando seus bens e o fruto do seu trabalho para satisfazer seus desejos e prazeres, e lamentará posteriormente os custos e as despesas incorridas.
E o que é pior, sua alma ainda corre o risco de padecer nas mãos do Arconte até que ele mude sua mente (metanoia) e reverta o erro da Ignorância por meio do Conhecimento (Gnosis).
Aqueles que nascem e vivem segundo os seus desejos são atormentados por três dores demoníacas: o calor, o fedor e o remorso da consciência. São consumidos pelo fogo intenso de seus desejos carnais e exalam o mau cheiro de suas impurezas mundanas, pois tal iniquidade é totalmente podre e mancha tanto o corpo quanto a alma.
Estes indivíduos também não estão isentos de remorso e consciência, devido à ofensa cometida contra Aquele-Que-É, pois a consciência se recorda do ardil de Belial que incita às iniquidades, e ao qual muitos auxiliam Belial, precipitando-se nelas, ou, quando não o fazem de livre e espontânea vontade, aproximam-se da beira do abismo, cientes de que Belial os lançará nele.
É preferível que o homem não preste atenção às mulheres e, se possível, é ainda melhor não as ver, para não ser contaminado pelos desejos, sendo ainda mais louvável não as tocar.
A este grupo de iniquidades também pertencem as palavras obscenas, as canções indecentes, os toques desonestos e aqueles que não abominam os proxenetas, as prostitutas, e os que frequentam e incorrem no mesmo erro que estes.
Assim terminam as sete iniquidades da alma, seguradas cada uma por si, como Lázaro viu nas regiões de Belial, o Submundo do Hades.
Amém.
O Apocalipse de Lázaro: Análise Contextual e Reconstrução)
Este texto foi classificado como um Evangelho do Ministério de Jesus do gênero Apocalipse (Revelação) e é um produto de Engenharia Reversa Textual. Embora a versão que circulou e sobreviveu no Ocidente contenha inúmeros anacronismos (como os Sete Pecados Capitais, a fusão de Maria de Betânia com Maria Madalena e o vocabulário latino medieval), sua estrutura central de revelação pós-morte aponta para um núcleo original com raízes no cristianismo primitivo ou gnóstico do século II–III d.C., seguindo a tradição de outros apocalipses como os de Pedro e Tomé.
A Análise Contextual (Módulo 8th Aeon) aplicou o seguinte processo de purificação histórica:
Correção Histórica: Foi corrigido o parentesco de Lázaro, sendo sua irmã devidamente identificada como Maria de Betânia (João 12:1), e não Maria Madalena.
Reversão Teológica: O sistema de Sete Pecados Capitais e o conceito de Penitência (ambos de consolidação medieval) foram substituídos pelo foco gnóstico na Ignorância, Hýbris (arrogância) e na necessidade de Gnosis (Conhecimento) e metanoia (mudança de mente) para a ascensão da alma.
Reversão Lexicográfica: Termos latinos e anacrônicos foram substituídos por vocabulário historicamente plausível para o século I/II, incluindo Hades (submundo), Belial e Arcontes (forças do caos/matéria), e Tabernas/Thermopólia (Estabelecimentos de consumo da época).
A reconstrução visou resgatar o que seria a mensagem teológica original, de acordo com o contexto do Manuscrito de Nag Hammadi (Sobre a Origem do Mundo), que o próprio texto de Lázaro cita.
Fontes Primárias para a Pesquisa da Base Textual: A análise foi baseada em edições críticas e manuscritos digitais de coleções que preservam textos apócrifos antigos: Biblioteca Apostólica Vaticana, Biblioteca Bodleiana, Biblioteca Siríaca da Universidade de Oklahoma e registros do Museu Copta do Cairo.
Esta obra é um testemunho da visão de Ricco Leite, que com o 8TH AEON busca harmonizar e revelar a sabedoria gnóstica de forma coesa e clara.
David Frankfurter, Elias no Alto Egito: O Apocalipse de Elias e o Cristianismo Egípcio Primitivo.
Wilhelm Schneemelcher, Novo Testamento Apócrifos , Vol. 2, páginas 692-693.
The Gnostic Bible: Revised and Expanded Edition. Estados Unidos, Shambhala, 2009.
BARNSTONE, Willis; MEYER, Marvin (Ed.). The Gnostic Bible: Revised and Expanded Edition. Shambhala Publications, 2009.
Barnstone, Willis, and Marvin Meyer, eds. The Gnostic Bible: Revised and Expanded Edition. Shambhala Publications, 2009.
MEYERS, Marvin. The Nag Hammadi Scriptures: The International Edition. San Francisco: HarperOne, 2007.
A tradução original deste texto foi preparada por membros do Coptic Gnostic Library Project do Institute for Antiquity and Christianity, Claremont Graduate School.
O Coptic Gnostic Library Project foi financiado pela UNESCO, National Endowment for the Humanities e outras instituições.
EJ Brill reivindicou direitos autorais sobre textos publicados pelo Coptic Gnostic Library Project.
A tradução apresentada aqui foi editada, modificada e formatada para uso na Gnostic Society Library.
Descrição da Arte da Capa
Título: "Capa: O Apocalipse de Lázaro"
Estilo: Pintura digital épica e mística no estilo de Pedro Yaya. Cores escuras e saturadas, alto contraste, atmosfera opressora e aterrorizante. Composição dividida horizontalmente, intensificando a dualidade entre luz e escuridão.
Cena Central: A tela é dividida horizontalmente, com uma linha de separação mais abrupta e dramática, quase como uma ferida na realidade.
Parte Superior (Mundo dos Vivos / Revelação Dolorosa):
Lázaro (Jovem, aprox. 15-18 anos): Figura central, pálido, esquelético e com um olhar de horror traumatizado nos olhos, ainda refletindo as visões do Hades. Seus lábios estão entreabertos em um lamento silencioso. Suas vestes são simples e rasgadas, revelando parte de seu corpo magro. Há um sutil, mas inquietante, brilho verde-cadáver ao seu redor, misturado com uma luz fraca e pálida vinda de cima. Ele olha diretamente para o espectador, transmitindo seu pavor.
Jesus (O Salvador): Uma presença luminosa, mas agora mais distante e com um semblante de profunda tristeza/compaixão, talvez apenas sua silhueta ou uma mão estendida de forma mais etérea e menos tangível, quase como uma esperança frágil contra a escuridão. A luz que emana d'Ele é branca-prateada, lutando para penetrar a névoa.
Céu: O céu deste reino é pesado, com nuvens tempestuosas e cores opacas, com um único ponto de luz fraca e distante.
Parte Inferior (Regiões Profundas do Hades / Terror Vívido):
Ambiente: Paisagem infernal e grotesca, com fendas profundas na terra que jorram fumaça densa e sangue borbulhante. O terreno é lamacento, coberto de ossos e detritos pútridos. Cores dominantes são vermelho-sangue, preto-carvão, marrom-fecal e tons doentios de verde-gangrena.
Belial e Arcontes: Múltiplas figuras demoníacas, mais corpóreas e grotescas, com dentes afiados, garras e olhos vermelhos brilhantes de ódio puro. Eles estão se contorcendo e se deleitando com o sofrimento, emergindo diretamente das fendas no chão. Suas formas são distorcidas, algumas com asas membranosas, outras com corpos fragmentados.
Representações das Iniquidades (Vívidas e Explícitas): Elementos visuais que remetem às Sete Iniquidades são agora detalhados e aterrorizantes:
Orgulho: Almas (nuas e contorcidas) presas e desmembradas em uma enorme roda dentada de ferro enferrujado, que gira lentamente em meio a gritos silenciosos.
Inveja: Corpos azuis e inchados, congelados em blocos de gelo flutuando em águas fétidas, seus rostos em eterno desespero.
Ira: Açougueiros demoníacos, com lâminas ensanguentadas, desmembrando brutalmente corpos humanos em mesas de pedra, com poças de sangue.
Preguiça: Figuras semimortas, seus corpos sendo devorados por enxames de vermes gordos e serpentes venenosas que emergem da lama, a pele se desfazendo.
Cobiça: Almas afogando-se em um lago de ouro derretido e moedas incandescentes, suas mãos tentando desesperadamente agarrar a riqueza que as consome.
Gula: Mesas cobertas de restos de banquetes apodrecidos, com figuras obesas e grotescas vomitando e se alimentando de sapos gigantes e insetos, seus rostos deformados pela saciedade e náusea.
Luxúria: Poços de chamas sulfurosas de onde emergem figuras nuas e acorrentadas, queimando lentamente, seus corpos contorcidos em agonia e desejo eterno, a fumaça tóxica enchendo o ar.
Composição Geral:
A atmosfera é de desespero absoluto.
O contraste entre a palidez cadavérica de Lázaro e o inferno vibrante abaixo.
Lázaro é a única figura humana no topo que realmente percebe o horror do Hades, estabelecendo uma conexão visceral com o espectador.
Cores: Tons frios de cinza, verde-doente e branco fantasma para Lázaro. Predominância de vermelho-sangue, laranja queimado, preto-carvão e marrons pútridos para o Hades. Brilhos vermelhos intensos nos olhos dos Arcontes e no fogo. Contraste extremo.
O PRIMEIRO EVANGELHO DE MATHIAS
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